quarta-feira, 27 de junho de 2007


Um pensamento que me ocorreu em dado instante em que estava totalmente envolvido com o mundo fantástico das abelhas, ao procurar pesquisar e ler tudo que se referia às mesmas mesmo não sendo ainda um meliponicultor nem um zootecnista, era a capacidade de uma colônia viver segundo regras estabelecidas, em que cada membro, desde o berço, já nascia com uma função específica, sem embates, sem maledicências, sem crises de identidade. E a maioria da população de uma colônia de abelhas poderia ser definida, segundo os conceitos humanos e contemporâneos, como um grupo de explorados, de marginalizados, a maioria dominada por uma minoria. Mas elas celebram a vida ao seu jeito: cumprindo a sua missão de sobrecarregar a colônia de alimentos necessários não para elas, as campeiras ou coletoras, mas para o futuro, para os filhos que nascerão, os seus irmãos, nascidos da mesma abelha rainha, a única que goza de privilégios nesta sociedade estranha aos nossos olhos, mas uma sociedade que encontrou o seu jeito de se desenvolver e perpetuar a sua espécie.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Livro do Padre Huberto Bruening

Abelha Jandaíra - Padre Huberto Bruening - Coleção Mossoroense.

Este livro pode ser considerado o único existente no mundo que trata especificamente da abelha Jandaíra, abelha que tem como habitat a Caatinga, no Nordeste brasileiro, uma região marcada por uma quadra invernosa irregular que dura quatro meses no ano, e esses mesmos quatro meses chuvosos ainda correm o risco de não acontecerem devido à estiagem, ou à seca que assola a região de tempos em tempos, colocando em risco a população que vive em tal área.O padre Bruening escreve este livro magistral em que metade do mesmo mostra a saga que passou desde os tempos em que foi transferido para a cidade Mossoró, uma região quase central ao que poderíamos definir como Poligono das Secas, e nesta região, muito diferente da sua região de origem do Sul do país, com uma temperatura mais amena e sujeita a meses de muito frio, ele toma contato com a cultura local, até que num belo dia, um de seus paroquianos muda de cidade e deixa uma caixa, ou colônias de abelhas Jandaíra aos seus cuidados. É o segundo "sinal", conforme relata no livro, de qual caminho teria que prosseguir, pois ele já teria tido um primeiro "sinal" quando percebeu que uma colônia de abelhas começou a habitar uma árvore perto de sua casa. Aí ele apaixonou-se pelas abelhas e aprendeu o manejo das mesmas com os caboclos, técnicas que eram arcaicas, mas ele adaptou estas técnicas e chegou a valorizar as mesmas, só criticando a maneira de fechar a caixa a marteladas, pois utilizavam pregos nesta função, e ele substituiu por pedaços de couro curtido que fazia a função de dobradiça.O livro serve como dado histórico, pois narra a invasão das abelhas africanas que vieram fugidas do Sudeste, mais precisamente de São Paulo e dali povoaram o país em todos os quadrantes, e narra a maneira feroz de tais abelhas, constatando mortes de animais e também coloca a culpa nestas abelhas africanas pela rareação da abelhas indígenas, notadamente a Jandaíra.Trata-se de uma boa leitura onde ao lado de uma abnegação e uma simplicidade de um clérico que, à maneira de São Francisco de Assis mostrava-se muito próximos dos animais, também podemos ver o manejo que pode-se utilizar não somente para este tipo de abelha, como, de um modo geral, na criação todos os tipos de abelhas sem ferrão.

Vegetação


A vegetação é importante para as abelhas, pois é de onde extraem o néctar necessário para o processamento do mel e de onde retiram o pólen para a fabricação do "mingau" a ser dado às crias que se alimentarão do mesmo até atingirem a idade adulta. Sem um pasto apícola suficiente nas imediações da criação, deve-se inserir uma alimentação artificial, geralmente feita nos períodos de menor florada de determinadas épocas do ano e variando de região para região.

domingo, 24 de junho de 2007

Meliponários


Existem vários modos de se fazer um meliponário, desde pequenas criações, até grandes meliponários que viraram pequenas empresas e vendem centenas de litros de mel de melíponas a cada safra. Se dispomos de local que disponha de uma sombra, pode ser uma árvore, ou um pequeno alpendre, e dispomos de uma vegetação um pouco mais exuberante ao redor desta área, tempo um bom campo para implementar esta pequena criação que requer poucos custos e pouca atenção semanal, ainda nos dando o prazer de ver como seres vivos se desenvolvem em determinado ambiente. Pelas pesquisas que já realizei e pela observação de minha criação, podemos ter esta criação até num pequeno quintal de casa, mas esta cada deve estar na periferia dos grandes centros ou grandes cidades, para poder ter uma flora disponível.

sábado, 23 de junho de 2007

A Jandaíra


A abelha jandaíra é própria do sertão nordestino, mais precisamente no ecossistema caatinga, adaptado ao mesmo e tendo o ciclo de vida da colônia se adaptado às condições rigorosas de tal ecossistema, pois na estação chuvosa é que realiza o armazenamento de mel e pólen para poder perpetuar a colônia, fazer crescer a colônia com novos rebentos. Esta abelha se dá bem em climas quentes, e quando houve a tentativa de aclimatá-la em outra regiões brasileiras, houve um decréscimo na produção de mel e, conseqüentemente de filhos, pois não está acostumada com temperaturas muito baixas por muito tempo. Existem criadores que tentaram a aclimatação em regiões mais temperadas de nosso país e conseguiram com a utilização de uma espécie de estufa, geralmente alimentada com lâmpadas comuns colocadas na mesma, que gerava um aquecimento interno necessário ao pleno desenvolvimento de uma colônia de jandaíras.
Esta espécie de melipona, ou abelha sem ferrão está em vias de extinção graças ao desmatamento desenfreado que ocorre na caatina por conta da necessidade de lenha e carvão numa maior demanda que outrora, fazendo que o habitat natural da jandaíra seja destruído, pois sem a mata e seus troncos para servirem de casa, e semplantas para servirem de pasto apícola, a sobrevivência torna-se difícil.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Jandaíra, a abelha

Por que fazer um blog falando de abelhas, principalmente desta abelha regional e conhecida nacionalmente? Porque há uns dez anos, mais ou menos, através de uma reportagem na televisão me dei conta deste incrível universo paralelo que era a vida das abelhas, notadamente as indígenas, ou nativas, ou abelhas sem-ferrão, mas num primeiro momento me interessei pela criação com o fito financeiro. De qualquer maneira mergulhei neste universo e mostrou-se ser um hobby prazeroso, onde, ao estudarmos ou nos deleitarmos com a vida das abelhas, sem querer você atravessa campos diversos do meio científico humano, tais como: História, Geografia, Ecologia, Biologia, Antropologia, Sociologia... E outros que não me recordo. Quer dizer, ao observarmos como outros seres vivos cumprem a sua função no planeta, aprendemos muito, principalmente a sermos mais humildes com relação não só aos outros umanos, nossos semelhantes, mas com relação à natureza, com relação aos outros seres vivos.
Podemos notar que a meliponicultura ainda caminha a passos lentos, está engatinhando como criação racional, mas o prazer de termos salvo da extinção abelhas de uma determinada região, nos faz merecedores de todos os elogios, sem falsa modéstia, pois o meliponicultor antes de tudo é um ambientalista.